terça-feira, 24 de abril de 2012

Cre Cremo Cremo Cremogema é a coisa mais gostosa desse mundo...

Só pra dar aquele charme inicial ao post...


Demorei, mas voltei!
Pois é, a vida anda meio corrida, a promessa de internet mais rápida e com conexão duradoura do servidor novo anda meio fraudulenta, mas a gente luta e aparece!

Gosto muito de ouvir histórias, de contar as minhas, de lembranças nostálgicas... Mas bora viver o presente, né?


Acredito que blog que fala de comida mas que não tem receitas pra compartilhar não merece confiança, muito menos fidelidade! Então, mãos à obra! 

Cheguei a comentar no post de estréia que o Mingau de Cremogema da minha mãe fez história no meu estômago. Por mais que mingau de Cremogema seja, na maioria das vezes, consumido por crianças de até 3 anos, acho que a minha mãe me deu até pelo menos os 10 anos de idade, com toda a certeza. Deve ser por isso que cresci tão forte e saudável rechonchuda.
Mas, como se fosse uma embaixadora da Cremogema, minha mãe não se contentou em nos entupir daquele creminho divino. Ela criou uma receita que, até os dias de hoje, quando preciso rechear algum bolo ou fazer um pavê, ligo pra ela e pergunto quais são as medidas.


                                      


Propaganda da Cremogema dos anos 80. Não me recordo de assistí-la,
mas achei a coisa mais fofa desse mundo!

Então, para a minha surpresa, encontrei esses dias um fichário de receitas que minha mãe me deu quando era mais nova, para que eu pudesse anotar todas aquelas que eu mais gostava. Como de costume, anotei algumas e larguei o caderninho de lado, nunca fui muito boa de organização. Achava mais normal guardar folhinhas rabiscadas com as receitas que anotava correndo enquanto a Cátia Fonseca cantava os ingredientes com mais rapidez do que eu conseguia escrever.
E de repente, folheando as poucas folhas usadas, lá estava ela, a receita do creme aclamado pelo público, líder solitário no quesito comida com colo de mãe.

Minha anotação da receita, de uma época em que
minha letra ainda era bonita.

E pude comprovar que, com a adição de umas gemas aqui, uma farofinha doce ali, o que é muito bom pode tornar-se celestial.


Mummy Crumble Creamy

creme
- 8 colheres (sopa) de Cremogema Tradicional
- 3 xícaras (chá) de leite
- 1 xícara (chá) de leite condensado
- 1 caixinha de creme de leite UHT (aprox. 200g)
- 2 gemas peneiradas
- 1 fava de baunilha ou 10 gotas de essência de baunilha 

farofa
- 3 xícaras (chá) de farinha de trigo
- 1 ½ xícara (chá) de açúcar refinado
- 1 colher (sopa) de fermento químico em pó
 ½ xícara (chá) de manteiga gelada
- 1 ovo inteiro

creme: em uma panela, misture 2 xícaras de leite, o leite condensado, as gemas peneiradas e a fava de baunilha. Separadamente, dissolva a Cremogema na xícara de leite restante e incorpore ao resto dos ingredientes.

Leve em fogo brando até que engrosse. Cubra com plástico filme de modo que este tenha contato com o creme, para que não forme aquela película grossa que a gente tanto ama comer no mingau, mas que não fica muito bacana na receita.

Ao resfriar, na batedeira ou com um fouet, incorpore o creme de leite UHT ao creme cozido, que deve estar bem firme.

farofa: misture primeiramente os secos (farinha, açúcar e fermento) e adicione a manteiga e o ovo em seguida. Mexa com as mãos, até que a mistura se torne uma farofa úmida.

Unte uma refratária ou uma forma pequena, monte com metade da farofa, o creme e o restante da farofa por cima. Leve em forno pré-aquecido 180º.C por aproximadamente 45 minutos.

Ao retirar do forno, a crosta de cima deve estar dourada e crocante. Espere esfriar para cortar, para que o creme readquira sua consistência firme. Sei que é um pouco difícil resistir, mas cortá-la quente só irá fazer meleca.

Corte em quadrados e sirva como quiser. Minha dica é acompanhar com uma colherada de geléia de frutas vermelhas. Fica lindo. Tanto pro olhos quanto pro estômago.

Dica do dia: comida tem a ver com memória. Música tem a ver com memória. Quer coisa mais gostosa que juntar os dois?
Experimente ouvir músicas como The Show, da Lenka enquanto engrossa esse creme no fogão. Dá a sensação de estar cumprindo uma missão muito importante e aconchegante, como se você tivesse uma legião de crianças esperando pelo seu doce, todos fazendo fila para pegar um pratinho com um quadrado de Mommy Crumble Creamy.
                                     
Lenka tem a voz tão macia que chega a ser cremosa.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pela memória, com afeto.

Não tinha lasanha, mas tinha sashimi.

Novos ares! Uh la la! Como é bom cheirinho de coisa nova, de feijão fresco ficando pronto...
Opa.
Pera lá. Feijão fresco? Mas que diabos de cheiro de feijão fresco ficando pronto... Desde quando cheiro de feijão fresco me deixa feliz?

Minha realidade é outra. Não que eu não goste de feijão fresco, eu amo feijão fresco, mas o que me deixa feliz mesmo é cheiro do vaporzinho que sai da panela elétrica fazendo meu gohan... Sim, arroz japonês, papa, unidos venceremos... Aposto que você vai falar que arroz japonês tem cheiro de água. Azar o seu, pra mim tem cheiro de amor.

Aí você mistura tudo de uma vez, joga gohan com furikake, lasanha que a mamãe fez pro dia dos pais, bife à parmegiana, sopa de abobrinha, lámen da batchan e uma pitada de mingau de Cremogema fazendo casquinha pra gente se enganar que o creminho tá todo frio já. Queimei a língua mas alimentei o coração.

Em certa entrevista, Nina Horta declarou que "Vive-se até sem amor, mas não sem comer." Deus me perdoe por contrariar os (extremamente) mais sábios, mas eu descordo. Sobrevive-se até sem amor, mas não sem comer. Porque comida tem a ver com o coração, a alma sente fome também. E se não for assim, pra mim não vale a pena.

Porque eu gosto da comida com jeitinho de colo de mãe, da garfada que me faz fechar os olhos e ir pra outro planeta, da saudade que me dá da infância no clube quando sinto cheiro e barulho de pessoas fazendo churrasco. De fazer huummmm e ser chamada de Ana Maria Braga.

E como por me achar prolixa demais e as vezes até profética, acho que tudo que se é postado na internet, deve ter uma foto pra acompanhar. Afinal, estamos na era da tecnologia, faça tudo por nós, abra-te Sésamo, ler é enfadonho e cozinhar pra quê se já inventaram Hot Pocket?
Quatro meses viciada em requeijãoNão sou mineira mas sempre adorei um pão de queijo!

Então esta é a minha idéia inicial. Meu pontapé desesperado para ser certeiro, a primeira vez que testo uma receita. Eu vou ficando por aqui, esperando que cada palavrinha que aqui for lida chegue com gostinho de quero mais e com a alegria de um prato fumegante chegando à mesa.
Porque das certezas desse meu mundo, há uma que considero a mais confiável: meu estômago parece pensar demais e a minha mente tem fome de tudo. Disso aí coisa boa não pode dar.

Ou pode?
Querem pagar pra ver? Ou pra comer? Com os olhos?
E com a alma, por favor.


Bora acabar com esse post logo que as coxinhas tão se querendo pra mim.
Ah, essa é a Batchan, rainha do Lámen.